segunda-feira, 10 de agosto de 2009

"DEUS DEMAIS É IDOLATRIA!"

"Deixemos o céu aos anjos e aos pardais" (Heine, Deutschland, caput I)
Fundo do poço à vista! Perdeu-se o respeito por Deus. Deus tem se tornado uma espécie de tragédia otimista do brasileiro. É a desculpa dos que não querem mudar. Camuflados sob o tal de "sentir o que o coração de Deus sente", a igreja sente de tudo, menos vergonha. Estão transformando Deus numa espécie de "gênio da garrafa", aquele que satisfaz meus três mediocres desejos, e depois é devolvido à solidão da garrafa.
Deus tem se transformado numa marca de alta rentabilidade. Seu nome circula por todos os lados: de adesivos risíveis (a velha "criatividade" duvidosa dos marqueteiros cristãos), a placas pífias de igrejas, Deus está em todas! (Será?).
O termo "Deus" tem se tornado um ornamento verbal. Com isso, o estelionato dos conteúdos segue firme. Eugene Peterson escreveu: "Quando reduzimos Deus a um nome entre outros, mais cedo ou mais tarde, todos os outros nomes se tornam despersonalizados, meras cifras empregadas para identificar outros de acordo com sua função ou papel, sem levar em consideração a dignidade e a reverência inerentes a cada pessoa e a cada coisa".
É a mania estranha de usar o nome de Deus para nomear o inominável. E não importa qual nome: Deus, Jesus ou Espírito Santo, o que interessa é associá-lo ao sucesso da teologia em questão. Juan Árias, jornalista e escritor, em seu livro "Jesus, esse desconhecido", diz: "Só em um lugar vi escrito com grandes letras, com tinta negra, o nome de Jesus, onde ele provavelmente se teria sentido à vontade. Onde possivelmente seu nome não estava escrito em vão. Vi-o numa rua do Rio escrito em uma caixa de madeira que um menino sem casa e sem família levava na mão com uma escova velha e um pouco de graxa, tentando convencer os transeuntes de que o deixassem limpar os sapatos". Heresia?
O mandamento de Deusteronômio 5. 8-10 diz sobre não fazer imagens de escultura. A igreja evangélica não faz as imagens - não no templo - mas faz na mente e na alma! O problema é que, secretamente, gostamos dos ídolos, porque alimentamos uma oculta ilusão de controle. A adoração dos ídolos sempre foi o jogo religioso predileto. Sem falar que nossos ídolos - de carne e osso - com os bolsos cheios das ofertas astronômicas, são piores e mais perigosos que as imagens.
Chega de tanto Deus! Ouso pedir silêncio! Essa banalização do sagrado precisa parar. Hé Deus demais e caráter de menos. Deus demais e absurdos demais. Enquanto essa teologia canalha continuar solta, de tanto falar em Deus, acabamos nos demonizando. Paradoxal não? "Deus" demais revelando demônios ocultos. Gritamos sobre uma presença de Deus, mas será que sentimos a dor de sua ausência?
Deus demais é idolatria. Diabo demais é fetiche. Crente demais é fanatismo. Bendito seja o equilíbrio!


fonte:http://alanbrizotti.blogspot.com/
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